quarta-feira, 20 de maio de 2015

Por que os russos são sempre os "caras maus"?


Hollywood frequentemente se utiliza de esteriótipos culturais quando representa os vilões em filmes. Mas por que os roteiristas iriam querer alienar parte de seus telespectadores?

Partindo de um sádico colaborador antigo da KGB em "Os Vingadores", até os malfeitores russos em "Duro de Matar 5", realmente não houve escassez de vilões russos nas telonas.  Políticos e produtores russos tem tornado claro seu desprazer para com a indústria cinematográfica americana.

O que de velho é realmente "novo"?

Os russos devem ser os vilões "da vez"; mas, através das décadas, diferentes raças e nacionalidades têm tido seu momento de malfeitor nos holofotes. Em torno da época de Segunda Guerra, por razões óbvias, os alemães apareciam nos filmes americanos - como também fizeram os japoneses.

Um grupo que foi demonizado por décadas, com vários graus de intensidade, são os árabes e muçulmanos. Mesmo depois dos dias de Rudolph Valentino no cinema mudo, como The Sheik de 1921, o elenco foi configurando a descrever os árabes como personagens questionáveis que matavam e roubavam. Na comunidade árabe-americana as descrições hollyodianas ao longo das décadas tem sido vistas como um sofrimento da "Síndrome 3B". Este acrônimo do inglês vem de belly dancers (dançarinos gorduchos), billionaires (bilionários) e bombers (terroristas suicidas).


A China também tem parte dos vilões. Voltemos à época que Fu Manchu apareceu como um personagem chinês pouco confiável, nos primórdios do cinema falado. Quando a MGM lançou The Mask of Fu Manchu em 1932, a embaixada chinesa nos EUA entregou um queixa formal porcausa do personagem título e  devido a tal hostilidade. Mas, no dias atuais, dificilmente há algum traço de do tipo "chinês malvado" nos filmes americanos. O motivo? A China se tornou um importante e vital mercado para os seus estúdios. Isso ficou claro com o remake do filme "Amanhecer Violento" (2012). Inicialmente fora filmado com vilões chineses, mas devido às preocupações que poderiam prejudicar sua entrada no mercado chinês, foram transformados em norte-coreanos na pós produção. Como não há distribuição de filmes americanos na Coreia do Norte, os produtores sabiam que não haveria perda alguma em bilheteria por alienar àquele país.

E os russos, cara?


Calma! A representação dos russos como vilões tem uma longa história. Mesmo depois da Guerra Fria, a Russia foi representada como uma ameaça geopolítica para o Oeste. Este esteriótipo, porém, assume uma flexão ideológica em particular durante a Guerra Fria quando você faz uma associação não só com a Rússia mas também com o comunismo soviético. 

Surpreendentemente, a queda do Muro de Berlim não trouxe um fim aos vilões russos do cinema e TV. Talvez por um instante sua presença amenizou, porém os russos continuam sendo "nossos malvados favoritos".

Você não pode nem mesmo ligar a sua TV e assistir aos filmes sem ter a referência dos russos como horríveis. A Geopolítica do mundo real nos dá um inimigo de iminência suficiente que um personagem representando um país repentinamente adquire uma  ressonância extraordinária.


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